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Seção 1 - O Sol dos Rosacruzes


Aqueles que se afiliarem a Ordem Rosacruz, estarão se unindo a uma Ordem Iniciática, que perpetua a tradição dos Mestres e da Grande Fraternidade Branca. Dessa maneira, é natural que se sucedam experiências místicas, ao longo de suas práticas e estudos rosacruzes. Uma dessas experiências é a Iniciação Psíquica.

De notar-se inicialmente que não é o corpo físico que é Iniciado, mas sim o corpo psíquico, razão pela qual no Ocidente, essa Iniciação se dará naquilo que para o Estudante é um sonho. Excepcionalmente a presença do Mestre se fará sentir à consciência de vigília do Estudante, mas isto não é necessário ao ato de Iniciar. Essa presença, não do Mestre, mas de seu nível vibratório, se faz sentir antes nas harmonizações e muitas vezes em sensações ao tato, que serão sentidas no chakra das mãos.

Fato notável na Iniciação Psíquica é a presença de Luz. É uma Luz indescritível, mais clara que o Sol do meio-dia, mesmo em nosso país tropical. Essa Luz foi chamada de “O Sol da Meia-Noite” ou “O Sol dos Iniciados”; para mim, com justiça, ela pode ser chamada de “O Sol dos Rosacruzes”. Essa Luz tem um comportamento similar em todas as Iniciações. Inicialmente ela preenche todo o cenário. Depois ela se condensa, diminui, transforma-se em círculo e envolve o Estudante.

Normalmente ela se transforma em pássaro, ou seja, um pássaro pousa sobre o Estudante, então Iniciado. Conforme a tradição será a descrição do pássaro, assim, para os cristãos, a pomba; para outros, a águia.

O Pássaro tem a função de ensinar, não o Eu Objetivo, mas o Eu Interior, assim poderá dizer palavras que não serão ouvidas pelo Estudante.

Resta o clímax da Iniciação, que é a presença do Mestre, que dá o Novo Nome e a Benção. O nível do Mestre e da Benção dependerá do nível Iniciático a ser alcançado naquela ocasião. Desta maneira há mais de uma Iniciação Psíquica a ser alcançada, antes de se atingir a Maestria ou o Grau de Rosacruz. Ressalto que a presença do Mestre é essencial para reconhecer-se uma Iniciação.

Sabemos que a evolução não termina com a Maestria, ao contrário, a evolução do nível humano é que termina aí; assim, se a Iniciação for mais elevada, aquele que a preside também o será, até que, em nosso Planeta, será o Chefe da Grande Fraternidade Branca o Iniciador. Quando o chefe da Grande Fraternidade Branca não preside a Iniciação, a presença da Estrela ou da Luz, é tida por sinal de sua aquiescência.

O Cristo foi Iniciado publicamente, quando do Batismo por João no rio Jordão. Aqueles que relerem o Evangelho de Mateus, Capítulo 3, versos 13-17, encontrarão na Iniciação ali descrita todos os detalhes anotados acima. Resta saber quem foi o Iniciador do Cristo. Para mim foi o próprio Logos Solar, pois aceito a teoria de que cada estrela é, em si mesma, e em função de seu Logos, um berçário de vida. Por este motivo a benção de Lucas é diferente da de Mateus: “Tu és o meu Filho, eu, hoje, te gerei!” (Lucas 3, 21-22).

Tenhamos em mente que há vários níveis de Iniciação. O Estudante, mesmo sendo Iniciado, ainda não será um Mestre, pois haverá várias etapas a serem cumpridas ainda até a Maestria.

Finalizando, não nos esqueçamos das palavras do Mestre:
“Aqueles que estiverem preparados, verão o nosso Sol”.

O Sol da Meia-Noite

Logo que entrei na Ordem Rosacruz – Amorc, conheci um Frater (tratamento que os Rosacruzes se dão – Frater, Irmão – Soror, Irmã). Estávamos na década de oitenta, eu no auge dos meus vinte e cinco anos, e o Frater já próximo dos sessenta. A inflação era muito alta naquela época. Ele era comerciante e tinha como lema, vender mais barato, para vender mais. Seu estabelecimento comercial estava sempre lotado. Vinham pessoas de outras cidades para comprar nele. Este Frater já passou pela Grande Iniciação.

Um dia quando estávamos no Organismo Afiliado, logo após uma Convocação (reunião semanal dos Rosacruzes, com um tema para meditação), ele me chamou para um canto isolado e me disse, o que considerei um verso poético.

Ouvi a Palavra sussurrada
Vi o Sol dos Rosacruzes
Recebi um novo nome
E fui abençoado.

Passei anos sem esquecer o pequeno poema, mas também sem entender nada a respeito.

Bem mais tarde, entendi o primeiro verso.

Quanto ao segundo, livros como Misticismo, de Evelyn Underhill, em sua segunda parte, Capítulo IV, páginas 385- 409, Ordem Rosacruz e Consciência Cósmica, de Richard Maurice Bucke, Ordem Rosacruz, este nas descrições que faz ao longo do livro, ajudam a entender.

Seria a luz que estes livros relatam que o Frater tinha visto?

A luz que Dante viu no Paraíso (Paraíso I, 61-63; XXX, 100-102 e XXXIII, 90-102, Divina Comédia, Dante Alighieri, Editora Martin Claret)?

Ou teria visto, na noite terrestre, o seu luminoso Duplo, sua alma celeste, seu Guia Divino (citando o Livro dos Mortos, Hermes, Livro III, Os Grandes Iniciados, Édouard Schuré, Editora Cátedra); seu ser luminoso, sua alma, seu sublime Augoeides (Segundo Livro, Capítulo IV, página 140, Zanoni, Ordem Rosacruz)?

Quem o sabe?

Quanto ao terceiro verso, o Novo Nome, provavelmente estaria se cumprindo Apocalipse II, 17 e tratar-se-ia de uma Iniciação (ver verbete Pedra Branca, no Glossário Teosófico, Editora Ground).

Mas que Iniciação? Uma Iniciação Psíquica? Conduzida por quem? Até hoje não tenho a resposta.

Quanto ao quarto e último verso, quando o Frater refere-se a uma benção, só consigo me lembrar das bênçãos bíblicas, dadas por exemplo, por Moisés aos israelitas (Deuteronômio 33) e por Iahweh e Melquisedeque a Abraão (Gênesis 12, 1-3 e 14, 17-20).

Será que é a uma benção similar a esta, embora de menor magnitude, que o Frater se refere? Mas, dada por quem?

Sem dúvida o Caminho (Senda) Rosacruz é longo e cheiode surpresas místicas, penso no instante em que escrevo este artigo.

Como o Frater transmitiu para mim, agora transmito a vocês.

O Sol da Meia-Noite – II

Mais uma vez, temas profundos do universo Iniciático e da Alquimia, parecem se confundir, pois objetivos similares, bem como resultados idênticos, se associam.

Assim é com a Estrela da Iniciação, que é vista quando da entrada em Consciência Cósmica, e com a Estrela que o Alquimista conquista ou toma posse, em seu laboratório.

Da primeira nos falam Édouard Schuré, em Orfeu, Festa Dionisíaca no Vale de Tempe, Os Grandes Iniciados, Volume 2, Editora Cátedra e Max Heindel, no capítulo Cristo e sua missão, em Conceito Rosacruz do Cósmico, Fraternidade Rosacruz. Da segunda nos fala Fulcanelli, em O Homem da Floresta, capítulo de As Moradas dos Filósofos, Editora Madras.

Édouard Schuré explica que era noite de lua cheia, consagrada aos Mistérios de Dionisos.

Em dado momento, os Iniciandos viam o Sol clarear o vale, e Orfeu fala:

“Saúdo-vos a todos que viestes para renascerem depois dos sofrimentos da terra, e que renasceis agora. Vinde beber a luz do Templo, vós que sais da noite, mistos, mulheres, iniciados. Vós que chorastes, vinde alegrar-vos. Vós que lutastes, vinde repousar.

Evoco o Sol sobre vossas cabeças. Ele vai brilhar em vossas almas. Não é o Sol dos mortos. É a pura luz de Dionisos, o grande Sol dos Iniciados”.

E, Max Heindel, explica:

“Por tal motivo, os discípulos preparados para a Iniciação eram, pelas mãos dos Hierofantes dos Mistérios e por meio de cerimônias que se realizavam no Templo, elevados a um estado de exaltação no qual transcendiam as condições físicas.

À sua visão espiritual, a Terra sólida tornava-se transparente.

Então eles viam o Sol da Meia-Noite: a Estrela. Não era, porém, o sol físico aquilo que viam com os seus olhos espirituais, mas o Espírito do Sol – o Cristo – seu Salvador Espiritual, assim como o sol físico era seu Salvador físico”.

E, finalmente, para mim abordando tema semelhante, ou seja, a Iniciação ou a entrada em Consciência Cósmica, Fulcanelli ensina:

“Eis o primeiro segredo, aquele que os filósofos não revelam e que guardam sob a enigmática expressão do caminho de São Tiago.

Essa peregrinação, todos os Alquimistas devem fazer. Pelo menos figurativamente, pois é uma jornada simbólica e, quem quiser ganhar algo dela, não pode sair do laboratório nem por um instante. Deve observar constantemente o vaso, a matéria e o fogo. Deve ficar dia e noite ao lado da Obra.

Compostela, cidade emblemática, não fica em território espanhol, mas na própria terra do sujeito filosófico. Estrada difícil, dolorosa, cheia de surpresas e perigos. Estrada longa e cansativa, pela qual o potencial se realiza e o oculto se manifesta! Os sábios esconderam essa delicada preparação da primeira matéria ou mercúrio comum sob a alegoria da peregrinação à cidade de Compostela.

Nosso mercúrio, cremos já ter mencionado, é esse peregrino, esse viajante a quem Michel Maier consagrou um dos seus melhores Tratados! Usando o caminho seco, representado pela estrada terrestre seguida a princípio por nosso viajante, pode-se com sucesso, porém progressivamente, exaltar e difundir a virtude latente, transformando em atividade aquilo que era apenas potencial.

A operação se completa quando, na superfície, aparece uma Estrela brilhante, formada de raios emanando de um único centro, protótipo das grandes rosas de nossas catedrais góticas. Um sinal certo de que o peregrino conseguiu chegar ao término de sua primeira viagem. Ele recebeu a benção mística de São Tiago, confirmada pela impressão luminosa que radiava, diz-se, acima da tumba do Apóstolo.

A concha humilde e comum que ele carregava no chapéu se converteu em uma Estrela brilhante, um halo de luz. Matéria pura cuja estrela hermética consagra a perfeição: agora é o nosso composto, a água benta de Compostela (do latim compos, aquele que recebeu, que possui – e stella, estrela) e o alabastro dos sábios (albastrum, contração de alabastrum, estrela branca). É também o vaso de perfumes, o vaso de alabastro (do grego – alabastron, ou latim, albastrus), o botão recém-aberto da flor da sabedoria, a rosa hermética”.

No Glossário Teosófico, Editora Ground, sob o verbete Iniciação, Annie Besant fala da existência de Quatro Graus de Iniciação Psíquica, e para mim, estamos diante de um deles. 

Outro belo nome para esta Iniciação seria “O Sol dos Rosacruzes”, que aguarda o Estudante sincero, pois para os Mestres não existe tempo ou espaço.

O Sol da Meia-Noite – III

Serge Hutin sabia, mas não quis revelar o verdadeiro sentido?

“O estudo completo dos segredos da Tríade nos levaria longe demais. Nele, há todo um tesouro de símbolos e rituais, um hábil manejo do esoterismo. Eis, por exemplo, extraído do poema da Tríade este verso tradicional: Se o Sol e a Lua se elevarem juntos, o Oriente será claro” (As sociedades secretas da China, página 87, O Esoterismo da História, Serge Hutin, Ordem Rosacruz, Amorc).

Só o Mestre, quando da Iniciação Psíquica, pode tornar realidade este verso.

Por anos o Estudante vai se aprimorando na Escola Exotérica. Dia após dia estuda e realiza os exercícios místicos propostos. Acalma seu mental, inquiridor, mas já bastante satisfeito. Desperta as “rodas de fogo” (chakras) do Corpo Astral e o prepara para ser utilizado.

Noite de Lua Cheia. Há alguns dias, ele havia lido, algo que não encontrou novamente: “Aqueles que estiverem preparados, verão o nosso Sol”.

Adormece. Juntos ficam o Corpo Denso e o Corpo Etérico.

O Mestre pode atuar agora. O Mestre vem e leva o corpo Astral do Estudante, no que para ele é um sonho.

No Plano Vibratório da Iniciação o Sol brilha; o Pássaro traz a Consciência Cósmica; e, o Mestre dá o Novo Nome e uma Benção. Na Terra é noite de Lua Cheia.

O Estudante, agora Iniciado, acorda. Poderosas vibrações percorrem seu Corpo Denso.

Para ele, o Sol e a Lua se elevaram juntos, e a Luz iluminou o Leste.

O Sol da Meia-noite – IV

O livro que citarei abaixo, cujas teorias apesar de levar aos mesmos resultados que os ensinos e práticas de um Ordem Iniciática autêntica, deve, a meu ver, ser ignorado quando recomenda a prática da Ioga, guru ou professor, ou mesmo o vegetarianismo, se o Estudante ainda não estiver preparado para ele.

O caminho para o Estudante Oriental é naturalmente a Ioga, mas para o Estudante Ocidental a Senda será mais facilmente trilhada em uma Ordem Iniciática autêntica, como a Ordem Rosacruz – Amorc, por exemplo.

Isto posto, vamos à tese defendida pelo autor, no que respeita ao Sono e Iniciação.

“Nos tempos modernos, os adeptos hierofantes ainda estão à espera daqueles julgados dignos de serem admitidos, e numa continuação ininterrupta ainda os recebem e os Iniciam” (As Grandes Iniciações, página 198; acresci a maiúscula).

“Além disto, durante o sono natural do corpo, o Eu Interior (acresci a maiúscula) é levado à presença dos hierofantes e Iniciados. Deste modo, o recém-nascido é recebido na qualidade de membro ativo daquela Irmandade de homens e mulheres perfeitos, e de Iniciados, mediante os quais nos tempos muito antigos, a Tradição do Mistério era iniciada no planeta Terra” (As Grandes Iniciações, página 198).

“Como consequência, já não será mais inteiramente necessário realizar o ritual completo da Iniciação, na presença da individualidade física. Esta poderá ter adormecido naturalmente em seu próprio país e dentro do Eu afastado daquela, ficando assim livre para ingressar nos estados profundamente espirituais, quer em êxtase ou consciente, ou estando o corpo (físico, acresço) adormecido ou desperto. A verdadeira Iniciação é recebida e experimentada pela entidade espiritual, que é a habitante imortal do corpo físico durante as horas em que está desperto” (A Conscientização do Iniciado, página 215).

“Ao findar a cerimônia, o hierofante ordena que o Iniciado volte (poderíamos quase dizer, que ele volte ao ponto de partida), para o corpo físico, sendo que as limitações da mente-cérebro se fecham em parte, mas não inteiramente, sobre a consciência desperta. Entretanto permanece a lembrança ...” (A Conscientização do Iniciado, página 218).

Excertos extraídos do livro “O Chamado do Alto”, Geoffrey Hodson, Teosofia, Editora Pensamento-Cultrix Ltda.

O Sol Da Meia-Noite – V

Nesta série de Artigos intitulados “O Sol da Meia-Noite”, estamos tentando demonstrar que é perfeitamente possível, um Mestre Iniciar o Estudante durante o sono natural, no que para ele é um sonho, mas em verdade é uma projeção psíquica devidamente conduzida pelo Mestre.

Isto aconteceu com Harvey Spencer Lewis, Primeiro Imperator da Ordem Rosacruz – Amorc, quando viajou a França e foi Iniciado, primeiramente no Plano Objetivo por um conde, e posteriormente no Plano Psíquico por um Mestre.

“A partir desse momento, o velho mestre, considerando seu visitante iniciado, levou-o a um pequeno salão. Recomendou-lhe que descansasse, pois deveria permanecer naquele salão durante horas, antes de encontrar outras pessoas. Harvey Spencer Lewis se instalou num sofá e adormeceu. Quando acordou percebeu que dormira durante três horas. No entanto, revivera em sonho a cerimônia pela qual passara. Desta feita não fora o conde que o conduzira e sim o Mestre cuja presença ele percebera na segunda câmara” (Um renovador do Rosacrucianismo, página 27, 1º §, Harvey Spencer Lewis, Um Mestre da Rosa-Cruz, Ordem Rosacruz).


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Livro - O Sol dos Rosacruzes

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